Pais hiperconectados: 5 prejuízo na saúde mental dos filhos
Uma pesquisa recente destaca como a hiperconexão dos adultos responsáveis
pode ser prejudicial às crianças
A saúde mental dos filhos é, provavelmente, um assunto de grande importância para mães, pais, avós e demais pessoas responsáveis por crianças e adolescentes. O que motiva essa preocupação pode variar entre medo de transtorno de ansiedade, crises emocionais ou psicológicas e, até mesmo, suicídio.
Não faltam profissionais habilitados para ajudar as famílias na melhor condução de problemas com a saúde mental dos filhos. Porém, com a grande dependência da internet, desde uma conexão em aplicativos para a caminhada matinal, as horas de distração nas redes sociais, os extensos e-mails profissionais, até os filmes e seriados nas plataformas de streaming, vemos pais e mães hiperconectados, muitas vezes, sem se darem conta do tempo que gastam mais online do que offline, e com os filhos.
A grande questão é que essa hiperconexão pode ter efeitos profundos e, muitas vezes, prejudiciais na saúde mental dos filhos, de maneira especial para quem está excessivamente envolvido no mundo virtual. Um novo estudo, publicado na revista científica JAMA Network Open, e divulgado no jornal O Globo, apontou que crianças de 9 a 11 anos que tinham pais hiperconectados em smartphones eram mais propensas a desenvolver ansiedade, problemas de atenção e hiperatividade, quando comparados com os filhos de pais que não não gastavam muito tempo em seus celulares ou tablets.
Com base nesse resultado, a equipe de psicologia da Universidade de Calgary, em Alberta, destacou que quando há negligência sobre as necessidades emocionais e físicas por parte dos responsáveis, aumentam-se as possibilidades de risco de desenvolver dificuldades na saúde mental dos filhos.
Prejuízos na saúde mental dos filhos
A hiperconexão dos pais pode criar um ambiente de negligência emocional. A partir de agora vamos explorar como isso pode acontecer e quais as consequências desse hábito no ambiente familiar, principalmente com crianças.
- 1. Quando os pais estão mais preocupados com atualizações de status ou interações online do que com as necessidades emocionais e sociais dos filhos, as crianças podem sentir-se desvalorizadas e negligenciadas. Essa falta de atenção e presença pode resultar em sentimentos de rejeição e baixa autoestima, afetando negativamente a saúde mental das crianças.
- 2. A exposição excessiva aos dispositivos digitais pode reduzir a qualidade do tempo que os pais passam com os filhos. A falta de interações significativas e de qualidade pode prejudicar o desenvolvimento emocional das crianças. Estudos mostram que o vínculo emocional sólido entre pais e filhos é fundamental para o desenvolvimento saudável. Quando os pais estão distraídos ou ausentes devido ao uso excessivo de tecnologia, as crianças podem se sentir isoladas e inseguras.
- 3. Outro aspecto preocupante é a influência da hiperconexão dos pais sobre o comportamento das crianças. Crianças tendem a imitar os comportamentos dos adultos, e se os pais estão constantemente conectados, as crianças podem internalizar a ideia de que o uso excessivo da tecnologia é normal ou até desejável. Isso pode levar a uma dependência precoce dos dispositivos digitais e ao desenvolvimento de padrões prejudiciais de uso, como a procrastinação e a diminuição da capacidade de concentração. Estudos indicam que a exposição excessiva a telas está associada a uma variedade de problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e depressão, que podem afetar tanto pais quanto filhos.
- 4. A falta de limites claros quanto ao uso da tecnologia também pode ser um fator de estresse para as crianças. Pais que estão constantemente conectados podem ter dificuldade em estabelecer regras e limites claros sobre o uso de dispositivos digitais. Isso pode levar a uma ausência de estrutura e rotina, fatores importantes para a saúde mental infantil. Crianças precisam de limites e previsibilidade para se sentirem seguras e para desenvolverem habilidades de autocontrole.
- 5. A hiperconexão dos pais pode afetar negativamente a dinâmica familiar. Momentos que deveriam ser de interação e conexão genuína, como refeições e atividades em família, podem ser interrompidos pela presença constante dos dispositivos digitais. Essa falta de interação pode resultar em conflitos familiares e no enfraquecimento dos laços familiares, o que pode gerar estresse adicional para as crianças.
Como diminuir a hiperconexão dos pais?
- Bom senso e autocrítica: Para reduzir os efeitos negativos da hiperconexão dos pais, é crucial que eles estejam cientes de suas próprias práticas digitais e das implicações para seus filhos.
- Limites e interatividade humana: fazer uso da tecnologia com regras, como períodos de desconexão durante refeições e momentos familiares. Essa estratégia pode ajudar a garantir que as crianças recebam a atenção e o apoio emocional de que precisam. Além disso, promover atividades em família que não envolvam tecnologia, como jogos ao ar livre, leitura em conjunto ou conversas significativas, pode ajudar a fortalecer os laços familiares e a criar um ambiente mais saudável e equilibrado para o desenvolvimento das crianças.
- Exemplo e transparência: é importante que os pais também sejam modelos positivos de uso da tecnologia. Demonstrar um uso equilibrado e consciente dos dispositivos digitais pode ensinar às crianças a importância de estabelecer limites e de usar a tecnologia de maneira saudável. Conversas abertas sobre o impacto da tecnologia na vida cotidiana e sobre a importância de equilibrar o tempo online e offline podem ajudar as crianças a desenvolverem uma perspectiva mais saudável em relação ao uso da tecnologia.
Para concluir esse tema, precisamos deixar aqui uma reflexão sincera aos adultos responsáveis por crianças. Não é necessário abandonar as redes sociais ou outras atividades na internet mas, sim, colocar a saúde mental dos filhos em primeiro lugar. Dar a atenção devida, nos momentos certos fará bem não apenas às crianças mas, também, aos adultos envolvidos.
Reconhecer um problema de dependência, o que leva a uma hiperconexão, é essencial para que a mudança seja efetiva e gere bons resultados. Ao tomar consciência desses impactos e fazer esforços conscientes para equilibrar o uso da tecnologia, os pais podem criar um ambiente mais saudável e apoiar o desenvolvimento emocional positivo de seus filhos. A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas é fundamental lembrar que o tempo e a atenção dedicados à família e ao bem-estar emocional são igualmente valiosos.
Se você precisa de ajuda com crianças dependentes do uso da internet, ou está enfrentando essa questão enquanto responsável, fale com a nossa equipe, clicando aqui, e tenha a ajuda que precisa.