Crianças viciadas em celular: 6 dicas para ajudar!
O vício em telas pode ter efeitos adversos significativos sobre a saúde física,
emocional e social das crianças
Ver crianças viciadas em celular, ou outros dispositivos eletrônicos como tablets e computadores, tornou-se comum e parte integrante da vida cotidiana das famílias.
Com a pandemia de COVID-19, o aumento do tempo em frente às telas foi ainda mais acentuado, gerando preocupações sobre os impactos desse vício no desenvolvimento infantil. Após a pandemia, várias pesquisas indicaram um aumento no uso de celulares entre crianças e adolescentes, levando a preocupações sobre o vício em tecnologia.
Um estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) apontou que o tempo de uso de dispositivos móveis entre crianças dobrou durante o período de isolamento social, aumentando os casos de dependência. Além disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) alertou sobre os riscos associados ao uso excessivo de telas, incluindo problemas de atenção e dificuldades de socialização.
Essas pesquisas destacam a importância de um equilíbrio saudável entre o uso de tecnologia e outras atividades para crianças viciadas em celular.
Os impactos na vida de crianças viciadas em celular
O vício em telas pode ter efeitos adversos significativos sobre a saúde física, emocional e social das crianças. Entre os principais problemas associados ao uso excessivo de dispositivos, e que são muito frequentes em crianças viciadas em celular, são:
1. Problemas de Saúde Física
O sedentarismo, provocado pela falta de atividade física, muito comum em crianças viciadas em celular, pode levar a um aumento no índice de massa corporal e a problemas de saúde como obesidade. Ao ser viciada nos aparelhos eletrônicos, uma criança tende a ter menos interesse em atividades ao ar livre, queixando-se de brincadeiras com muito movimento e, por vezes, se mostrando irritada e aborrecida quando tirada de seu vício.
2. Distúrbios do Sono
O uso de telas antes de dormir está ligado a distúrbios do sono, uma vez que a luz azul emitida pelos dispositivos interfere na produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono. O que aparentemente pode ser um momento de relaxamento ao assistir vídeos curtos, desenhos ou navegar nas redes sociais é, na verdade, nocivo para o cérebro da criança, bem como para uma boa noite de sono e descanso. O resultado são crianças hiper estimuladas, com dificuldade de dormir, que atrapalham a rotina da casa e que, provavelmente, terão mais problemas de sonolência e irritabilidade no dia seguinte.
3. Desenvolvimento social e emocional
Crianças viciadas em celular, ou que passam muito tempo em frente a outros tipos de telas, podem apresentar dificuldades em interações sociais, uma vez que o contato humano é crucial para o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais. Essa criança pode ser mais tímida ou mais agressiva do que normalmente se espera de seu temperamento, bem como ter mais urgência em ser atendida ou, ainda, apresentar dificuldade de conversar com outras crianças, já que tem baixo interesse em compartilhar brincadeiras por estar acostumada a apenas receber informações passivamente nas telas.
4. Problemas de atenção
O consumo excessivo de conteúdo digital pode afetar a capacidade de concentração e a atenção das crianças, dificultando o aprendizado. Neste ponto, podemos, inclusive, retomar as questões de sono. Crianças viciadas em telas estão com cada vez mais dificuldade para dormir, o que afeta a rotina no dia seguinte e diminui a concentração, impactando as funções cognitivas. Com maior dificuldade em manter atenção, o aprendizado poderá ser prejudicado, acarretando outros problemas, como queda no rendimento escolar e, consequentemente, aumento da ansiedade frente aos desafios.
6 dicas para ajudar crianças viciadas em celular
É fundamental que os responsáveis pelas crianças estabeleçam limites e incentivem um uso mais equilibrado das telas. Aqui estão algumas dicas práticas ajudar crianças viciadas em celular:
1. Determine limite de tempo
Defina um tempo específico para o uso de dispositivos eletrônicos, de acordo com a faixa etária da criança. O tempo de tela ideal por faixa etária é recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) no manual #MenosTelas #MaisSaúde é:
- Menos de 2 anos: Evitar a exposição a telas, mesmo passivamente;
- 2 a 5 anos: 1 hora por dia, com supervisão de um adulto;
- 6 a 10 anos: 2 horas por dia, com supervisão de um adulto;
- 11 a 18 anos: 3 horas por dia, com supervisão de um adulto, e evitar o período noturno.
Sabemos que seguir essas regras com a nova geração pode parecer impossível e até sobrecarregar os responsáveis. Por isso, a principal orientação aqui é que, independentemente do tempo, o mais importante é acompanhar os conteúdos e atividades feitas durante o uso. Sugerir e propor possibilidades de outras atividades, fora das telas, também pode ajudar neste processo, até mesmo para que crianças viciadas em celular percebam os danos que podem sofrer por esse hábito ruim.
Além disso, para evitar crianças viciadas em celular, a SBP também recomenda:
a) Não usar telas durante as refeições;
b) Desconectar-se no período de 1 a 2 horas antes de dormir;
c) Incentivar o uso em locais comuns, como a sala.
Neste vídeo, no YouTube da Sociedade Brasileira de Pediatria, os especialistas compartilham, ainda, um vídeo educativo sobre o uso de telas para crianças, ideal para compartilhar com crianças viciadas em celular.
2. Crie um ambiente sem telas
Estabeleça zonas na casa onde o uso de dispositivos é proibido, como nos quartos e durante as refeições. Isso ajuda a promover interações familiares mais significativas. Vale destacar que, a depender da idade e do vício já estabelecido é importante que essa decisão seja tomada com conversa e conscientização de toda a família. A imposição dessa regra quando já há o vício, pode desencadear em uma frustração de difícil controle e crises de ansiedade. Procure ajuda profissional com psicólogos e converse com especialistas antes de decisões radicais.
3. Incentive atividades ao ar livre
Promova atividades que não envolvam telas como esportes, passeios no parque ou brincadeiras no quintal, playground e ao ar livre. Essas experiências não apenas reduzem o tempo de tela, mas também melhoram a saúde física e mental das crianças. Uma ótima opção é reunir coleguinhas, parentes e outras crianças para um passeio com seus responsáveis. Esses encontros são benéficos para os adultos e para as crianças, que terão companhia e diversão com segurança, sendo vigiados por seus responsáveis. Além disso, a participação de mãe, pai, avós e outros familiares tem um grande impacto na saúde emocional das crianças, sentindo-se cuidadas ao participar de momentos em família e ao ar livre.
4. Busque ser modelo de comportamentos saudáveis
Como falamos acima, a participação dos adultos responsáveis em brincadeiras ao ar livre é de extrema importância. Da mesma forma, ser exemplo no bom senso ao usar as telas pode ser a melhor referência para crianças viciadas no celular. Com a adequação do uso das telas para toda a família, a aceitação da criança para as novas regras, entendendo que é para o bem de todos, será mais tranquila, seguindo o novo padrão.
5. Ofereça alternativas
Não basta proibir o uso das telas. Cabe aos adultos responsáveis o direcionamento, pelo menos no início das mudanças, sobre como a criança pode se divertir longe do celular, tablet ou televisão. Dicas como apresentar jogos de tabuleiro, livros e atividades artísticas que possam competir com o tempo de tela e, ao mesmo tempo, estimular a criatividade e o pensamento crítico, são ótimas. Procure entender o que seu filho gosta, e invista em atividades que mexam com a imaginação, ou que desafiem as crianças de maneira positiva. Ao entender o que elas mais gostam, será mais simples ajudá-los a encontrarem novos hobbies e momentos de diversão longe da internet e de jogos eletrônicos por alguns períodos.
6. Utilize a tecnologia de forma consciente
Como mencionamos, o uso das telas não precisa ser completamente excluído da vida das crianças, apenas precisa de monitoramento e limites.
Portanto, para o período de uso, e de acordo com a faixa etária, ajude a criança a encontrar conteúdos educativos e interativos que possam enriquecer a experiência da criança. Deixe pouco tempo para assuntos de baixa relevância e ensine sobre fake news, crimes digitais e segurança dentro da internet para que a sua criança não seja enganada por adultos que se passam por colegas da mesma idade.
Ter consciência no universo digital é desconfiar sempre e acompanhar crianças e adolescentes de perto, fiscalizando o que estão acessando e/ ou assistindo e com quais pessoas conversam nesse ambiente online.
Busque ajuda para ajudar seu filho
Concluímos essas dicas destacando a importância da Psicologia como uma ferramenta valiosa para ajudar famílias a lidarem com crianças viciadas em celular. Profissionais da área podem oferecer orientação e estratégias específicas para cada situação, como:
1. Terapia familiar: ajudando a identificar padrões de comportamento mais comuns em crianças viciadas em celular e, assim, facilitar a comunicação entre pais e filhos.
2. Educação emocional: ensinando as crianças a reconhecerem e gerenciarem suas emoções, ajudando-as a encontrar formas saudáveis de lidar com tédio ou ansiedade sem recorrer às telas.
3. Mindfulness e técnicas de relaxamento: tais práticas podem ser ensinadas para ajudar as crianças a se tornarem mais conscientes de seus hábitos e desenvolverem habilidades para gerenciar o desejo de usar dispositivos.
4. Apoio Psicológico: em casos mais severos, onde o vício interfere significativamente na vida da criança, o acompanhamento psicológico pode ser necessário para abordar outras questões, como ansiedade ou depressão.
Lembre-se que o aumento de crianças viciadas em celular é um desafio contemporâneo que exige a atenção de responsáveis, educadores e profissionais da saúde. Ao mesmo tempo, o apoio psicológico pode ser um recurso importantíssimo para as famílias que enfrentam essa questão, promovendo um ambiente mais saudável e equilibrado para o crescimento e desenvolvimento das crianças. Se você está com esse desafio ou conhece famílias que tenham crianças viciadas em celular, clique aqui e fale com a equipe KPsicologia e tenha a ajuda que precisa em vários assuntos, incluindo crianças viciadas em celular.